sexta-feira, 15 de abril de 2011

Com as luzes acessas

Eu, ultimamente, tenho adormecido apenas com as luzes acessas. Os assombrosos deste mundo estão apertando o espaço na minha cabeça. Não consigo mais dizer uma palavra que faça sentido, a questão de que eu preciso tirar uns dias sozinho está evidente para qualquer um que me observe. Todas as coisas que eu vejo durante o dia me matam a noite. Meus medos não são por almas viajantes clamando outra chance nesta terra, ou muito menos por filmes de outros países que nos empurram medos absurdos. Tenho medo das mentes psicóticas que são exibidas com vigor nos jornais, medo da violência no enredo da noticia. Eu nunca tive tantos problemas com a escuridão como estou tendo agora. Chorando de dia, e assustado demais de noite. Ás vezes eu me questiono sobre as formas de iluminação que poderiam me fazer regredir a este canto escuro na minha mente, seriam elas capazes de me mostrar uma depressão no meio do caminho?
Eu, ultimamente, tenho adormecido apenas com as luzes acessas, esperando que alguém venha e as apague durante o meu sono. Vejo lágrimas e sofrimento em alguns dos meus lugares favoritos, mas acima de tudo, não culpe este mundo ou justifique exaltando um suposto fim próximo das coisas materiais. Este problema não é de hoje, ele começou ontem e apenas o que mudou foi a minha forma de senti-lo.
Eu, ultimamente, tenho adormecido apenas com as luzes acessas, esperando que alguém apague minha vida durante o meu sono.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Obsessivo.

Da casa verde-limão saindo pra rua, andando pelas calçadas a passos apressados. Com movimentos embaraçosos, com um jeito incomum. Um olhar para trás, em minha direção, poderia jurar que estávamos pensando a mesma coisa. Mas então, por que não me disse nada? Isso simplesmente teria se resolvido, se você me afastasse. Isso não estaria tão verdadeiro, se fosse apenas na minha cabeça.
Atravessando a rua, até o Mercado mais próximo. Se fosse um plano, teria dado errado ao me notar te seguindo. Passando pelos caixas, passando pelas pessoas, passando pelas pratilheiras empoeiradas. Eu estou curioso pelos seus hábitos. Eu estou cedendo aos meus impulsos, e estou andando mais próximo. Onde já posso sentir o seu cheiro.
Sua mão dedilhando o frasco de alguma coisa. Alguma escolha sua, e nenhuma escolha minha. Então, saímos do corredor em direção a um dos caixas. Você antecipadamente, enquanto eu ainda tento manter o disfarce, logo atrás. Escolhemos caixas diferentes, eu não queria parecer assustador, repetindo todas as coisas que fez.
Eu paguei muito caro por nada, porém pedi a nota fiscal do único produto meu no Balcão. Eu levantei o meu rosto procurando por você, e notei que não tinha você lá. Então, atravessando a porta estava o seu corpo ainda mais apressado, e embora os seus olhos me pedissem para te acompanhar, eu não pude. Por que você não tornou as coisas mais fáceis pra nós?

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Incompleto

Então você está deitado na cama, enquanto olha as gotas de chuva na janela. O céu está cinza lá fora. Tudo está calmo. De repente você se lembra do que desejava quando era mais novo, e você pensa que talvez as coisas mudem, e que as histórias dos filmes possam realmente acontecer. Você não sabe por que ainda está deitado, mas sabe que não mudaria nada se estivesse de pé. Você chora. Este lugar está diminuindo e você já andou em todas as ruas que queria, apenas não entendeu que quando este sentimento te domina, se você permite que ele fique muito tempo. Ele cobra caro.

Deveria ouvir a si mesmo.

Lá fora a vida parece bem melhor, mas aquela não é a sua vida. Você não pertence a este lugar. E então, você lamenta não poder desaparecer.

Conversas produtivas, com alguém semelhante. Um sonho que viverá acordado. Mas agora, tem que se manter concentrado e paciente. Esperar, e fazer o que considera certo. Andando a passos lentos, quase desistindo. Desejando estar num lugar diferente, vivendo outra vida.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Meu Coração Desonesto.

Mais alguns meses. Mais alguns dias, ou algumas horas. E então eu teria varrido para debaixo do tapete estas memórias.
Ouviam se batidas aceleradas, mas apenas duas pessoas sabiam exatamente de onde vinha o barulho, sendo que fui eu quem contei para a segunda pessoa. Eu dormia, quando conseguia dormir, e acordava com o mesmo pensamento pulsante na minha cabeça. Eram nossas mãos juntas, num ato simbológico. Almas unidas. Um misto de sentimentos. Promessas, escolhas que teriam de ser separadas, simplesmente pelo fato de serem as mesmas para as duas pessoas.
Está no movimento dos lábios dos franceses, e está nos medos superados pela esperança. Está na palma da mão da pessoa que você ama, está no cheiro, na respiração calma e está também nos lábios.
Com certeza nem todos os que dizem sentir, sentem. E vice-versa. Pessoas amam cachorros, e cachorros amam comer. Entende? Você ama alguém e alguém, ás vezes, ama uma outra pessoa. Mas isso é um fato isolado, e não pode ser levado em conta quando se trata de sensações. O importante é amar. Ser amado é um consequência positiva disso. Nós podemos amar a nós mesmos ou pessoas que não deveríamos amar, o outro ou similares a nós. Ainda é amor.
Não precisa ser dito, mas faz bem quando é declarado. Não precisa que demonstre, mas quem sente demonstra inconsequentemente. Vive após a morte, não como espirito, como sentimento. Disso eu não sei muito, o pouco que conheço foi de uma ou duas vezes que cruzei com meu coração. Poucas vezes nos desentendemos, por que eu sou autoritário e ele é submisso. Mas uma coisa é certa, enquanto eu jogo limpo, ele é desonesto.